O mau criador. Um tema tão na moda. Bem, não está muito, mas que interessa isso. Recebemos esta noite mais uma mensagem pouco anónima mas sem remetente. Eu vou repetir para que toda a gente perceba: uma men-sa-gem pou-co a-nó-ni-ma mas sem re-me-ten-te. Às vezes, as coisas têm de ser ditas muito devagarinho, não quero ser mal interpretado.
O teor da mensagem é simples. Acusam-nos de pensar em euros quando falamos em gatinhos. Sei perfeitamente qual é o objectivo deste tipo de mensagens. Mas acho, no entanto, que as pessoas não perceberam ainda muito bem que eu gosto delas. Não das pessoas, das mensagens! Têm o efeito precisamente contrário àquilo que pretendem. Por isso, peço-vos, quem quer que sejam ;-), que continuem. Vá, mais uma, vá.
Mas o tema era, acho, o mau criador. Bem, só vou falar do que sei. Afinal, qual é a imagem que todos temos - mesmo aqueles que só têm três exposições e um ano sem ninhadas - de um mau criador?
Assim de repente diria que um bom criador respeita os seus gatos. Esse é o ponto principal. Preocupa-se com eles. Quer tenha cometido um erro e esse gatinho lindo não tenha aquilo que é preciso para ganhar as exposições todas, quer seja Best in Show em todas elas. Comprar um gatinho é um compromisso, uma assinatura em branco. Ele pode dar-nos coisas maravilhosas, é um companheiro 365 sobre 365 dias. Afinal, vejamos: há quantos dias de exposição por ano? E quantos dias estamos com eles? O mau criador poucos, já que se livra dos não-campeões.
O bom criador paga sempre as suas dívidas. O mau criador quer fazer dinheiro acima de tudo. O bom criador vive com os seus gatos, o mau criador vive dos seus gatos, faz tudo para vendê-los, mesmo que isso implique deixá-los em lojas de animais. O bom criador respeita os gatos dos outros, o mau criador fala mal deles. Um bom criador preocupa-se com os seus gatos, o mau liga mais aos dos outros. Esperem, se calhar estou a ir muito rápido. Não devia estar a fazer juizos de valor assim de maus criadores, até parece que os conheço.
O denominador comum da maior parte destes maus exemplos é que não primam pela inteligência. Peço desculpa se me enganei. Mas «fábrica de gatos», «vocês são pensam em euros», «esses gatinhos vão mesmo ter registo?» são mensagens já pouco originais. Repetem-se como eco, variando apenas o destinatário. Mais umas ideias: o bom criador acha que tem os melhores gatos do mundo, o mau acha que os outros têm os piores da galáxia. Como identificar os maus criadores? Parece-me que ouvi essa pergunta aí no fundo da sala... Bem, geralmente andam de nariz empinado e bichanam aos ouvidos de outro mau criador. Uns vestem-se assim assim, outros muito mal. Acho que não é por aí, eu também não me visto lá muito bem. Não é fácil criar um estereótipo. A não ser quando abrem a boca.
Só mais uma coisa para concluir. Ao falar do mau criador não me considero um bom criador. Mas prometo tentar seguir o caminho contrário do que acho estar errado. Quem ler este texto que seja testemunha.
P.S. Ok, euros. Muito bem! Para quem vai ter a primeira ninhada este ano, é uma boa acusação. Sobretudo quando vem de quem já teve bem mais. Bem, começo a acreditar que se calhar somos só nós que gostamos de gatos. Afinal, quem falou primeiro em euros, quem foi?
(by Luís)